E eu nem fui na sua despedida abraçar os meus amigos...
As lembranças chegam enquanto o coração chora...
No comercinho da década de 90, quando fui morar em Guarabira, mais precisamente na frente da Igreja Santo Antônio, no bairro novo, conheci Lazaro, Zulmira e sua família. Logo fomos nos aproximando e aos poucos já frequentava sua casa. Eu estava ali começando uma nova vida.
Lembro muito da sua alegria ao nos receber na casa do Cordeiro ou do Santo Antônio... Era sempre uma festa. Muita comida, muitas conversas e muito aconchego... Além da grande família sempre juntava os agregados e os amigos.
Lembro também de sua alegria ao ser apresentado pelo padre e pela sua comunidade ao diaconato... e como ele ficou feliz quando num festa de Santo Antônio aconteceu a sua ordenação. E já se foram 25 anos...
Lázaro é filho natural Pilõezinhos e apesar de ter morado em Guarabira muitos anos, nunca esqueceu as suas raizes e o seu amor por São Sebastião. Mesmo já com a saúde frágil, ele era sempre visto nas festas de janeiro. E foi lá nesse janeiro de 2020 que o encontrei pela última vez.
Ele era agricultor de origem e de coração, mas foi no comércio que tirou o sustento de sua família. No mercado público de Guarabira tinha um ponto onde vendia cereais. E como foi difícil pra ele acostumar com nova vida quando precisou se afastar daquela atividade.
Já diácono, foi convidado pelo pároco da Paróquia Santo Antônio, onde ele servia, a morar numa casinha ao lado do Paulo VI. Acompanhei a chegada da sua família e a adaptação que fizeram para acolher a todos.
Foi lá que Lázaro viveu tempos de muita felicidade, cultivando a terra e servindo a sua Igreja. Fui algumas vezes àquela casa desfrutar do milho colhido dali, assado na brasa no fogareiro na frente da casa, em meio a boas conversas e muitas risadas... Também lembro da galinha de capoeira criada naquele terreiro, servida com macaxeira. Era visível a satisfação em dizer que era tudo cultivado por ele.
Recordo que sofreu muito quando precisou deixar aquele cantinho que o realizava no cuidado com a terra...
Homem as vezes durão, sério, mas extremamente terno...
Apaixonado pela sua Zulmira, pela sua família, fez de sua casa um lar agradável, onde quem ali chegava sentia vontade de voltar.
Ele é Zulmira criaram bem os seus filhos para o mundo. Mas a sua maior felicidade era vê a casa cheia de filhos, netos e bisnetos.
Sempre admirei aquela família, e embora a vida tenha nos distanciado, sempre que nos encontrávamos era uma festa...
Lene, Nice, Beth, Zanza, Zé Eliton e Everaldo hoje estão com o coração partido, eu sei... mas é Zulmira, a sua companheira de 54 anos que hoje perdeu um pedaços de si... perdeu a asa que junto à dela alçava voos...
Mas o Deus de Amor, na sua infinita bondade vai aliviando a dor, que hoje é intensa, eu sei... Cremos sim, que o amor, a gratidão e o exemplo que Lázaro nos deixa servirá de bálsamo para transformar essa dor em uma doce e bonita lembrança.
Estamos em oração...
Guiany