
Walter Campos Coutinho, advogado em Bananeiras e Solânea, sofreu um acidente no dia 17/12 o que provocou a fratura de todos os ossos de sua face. A colisão entre as duas motos foi provocada por um jovem que trafegava no contramão, em alta velocidade, com os faraós apagados além de embriagado. Walter foi encaminhado para Campina Grande, a cidade mais próxima de Solânea onde se deu o acidente. Ele foi levado para o Hospital Antônio Targino, conhecido como o Hospital do Acidentado. Como não tinha plano de saúde, foi atendido emergencialmente na área reservada ao SUS. Foi acomodado em um quartinho individual onde só cabia sua cama. Em seu prontuário estava registrado que ele havia chegado com sinais de embriagues o que não era verdade. Meu irmão não fazia uso de bebidas alcoólicas a mais de vinte anos. Ele era evangélico fiel membro da Igreja Assembleia de Deus da cidade de Solânea. Seu rosto ficou muito machucado e sua aparência física quase que irreconhecível. Durante seis dias meu irmão ficou aguardando a cirurgia, consciente e esperançoso. Conversava, andava e até brincava, em meio as dores, o que demonstrava muita força de vontade de viver. Todos nós tínhamos a certeza de seu pleno restabelecimento. As fraturas do acidente foram dolorosas, mas não foram mortais e, no entanto a falta de cuidados específicos provocou a sua morte.
Saber que a irresponsabilidade de alguns: o rapaz que estava trafegando errado, os médicos do Hospital Antônio Targino que não fizeram o atendimento correto e não operaram meu irmão em tempo hábil, deixando-o uma semana em jejum total, pois nem a saliva conseguia deglutir. A sonda nasogastrica que deveria manter o seu estomago em atividade não foi colocada com a desculpa de que as fraturas do nariz não davam passagem. Isso provocou todo um estrago no estomago. A cirurgia da face só aconteceu no dia 23/12/2010, seis dias após o acidente e no dia seguinte do meu irmão ter sido admitido na área particular e feito a calção de 17 mil reais. O cirurgião buco-maxilo facial Dr. Josuel, que dizem ser o melhor da cidade de Campina Grande, enrolou o quanto pode, e só fez a cirurgia com o dinheiro na frente. Para mim ele não passa de um mercenário que não honra o seu juramento. No dia 24/12/2010, dia seguinte a cirurgia da face, Walter amanheceu o dia com muitas dores na região abdominal. Desde bem cedo o medico plantonista foi comunicado das dores insuportáveis que meu irmão estava sentindo, porém só foi atendê-lo já era mais de meio dia após ele ter desmaiado. Eu estava presente naquele momento. Fui-lhe requisitado um exame de ultrassonografia abdominal que só poderia ser feita na segunda-feira dia 27/12. No fim da tarde, um médico amigo da família e alheio ao quadro clínico daquele hospital foi acionado e após o seu parecer resolveram fazer uma cirurgia para explorar o seu abdômen. Foi informado a família que foi encontrada uma úlcera perfurada, a vesícula infeccionada e um esgarçamento no duodeno, este disseram ter sido provocado pela pancada. A úlcera perfurada e a vesícula infeccionada provocadas pelo jejum. Ai o estrago já estava grande e a infecção generalizada. Foi transferido para a UTI do Hospital João XXIII na esperança de salva-lo, mas não foi mais possível. Na tarde do dia 31/12/2010 meu irmão faleceu.
Foi muito triste romper o ano no velório de meu irmão. Ver meu irmão bem, saudável e atuante ir embora, é muito dolorido aceitar. Acredito que não cai um fio de cabelo da cabeça de cada um de nós sem a permissão de Deus nosso Pai, mas ele não deseja o sofrimento de ninguém provocado pela irresponsabilidade de muitos.
Sei que hoje não tenho mais nada a fazer para que Walter volte a viver, a não ser mantê-lo sempre bem vivo nas nossas lembranças. Ele sempre foi um bom filho, bom irmão, bom marido e um excelente pai. Foi também um bom profissional como Operador do Direito. Viveu sua vida de forma digna e honesta como cidadão, como advogado e como cristão. Esse é um lenitivo que atua como balsamo aliviando essa dor pungente. Apesar da revolta, tenho fé em um Deus que é Pai acima de tudo.
Não desejo vingança e nem quero o mal daqueles que contribuíram com a morte de Walter. Mas se eu pudesse levantar provas e se a família toda aceitasse, eu denunciaria o hospital Antônio Targino os médicos e, sobretudo o cirurgião buco-maxilo facial Dr. Josuel por não terem dado a atenção devida a situação de saúde de meu irmão. Quem sabe assim eles tratariam melhor os muitos pobres que lá chegam.