
Em um momento de muita tensão, por ocasião de uma transferência mal elaborada pelo secretário administrativo e seus assessores, de internos de João Pessoa para o Serrotão em Campina Grande onde aconteceram varias mortes efetuadas por internos rivais, o Pe. Bosco e eu fomos convidados a acompanhar o Dr. Vital.
Ao chegar áquela unidade encontramos um grande número de pessoas entre elas familiares, jornalistas e curiosos em busca de notícias. No meio ao povo, em um canto sozinho, pude reconhecer seu filho Veneziano. Estava visivelmente preocupado. Naquela ocasião, em um momento a parte, mostrei ao Dr. Vital o seu filho. Ele olhou, parou um pouco emocionado, e momentos depois continuou o trabalho. Pensando está fazendo o melhor, perguntei se não queria que eu o convidasse para entrar no presídio. Ele disse NÃO sem nenhuma justificativa. Seu silencio sobre a questão me levou a entender a sabedoria de um pai. Por volta das quatro horas da tarde quando estávamos sentados para o almoço no “Bar da Caça” (assim ele chamava a todos os restaurantes) quase vazio, observo que seu olhar emocionado se dirige para a entrada do restaurante. Acompanhando com o olhar vi que atravessava o salão um jovem cabeludo, com lágrimas nos olhos em direção a nossa mesa. Era seu filho Veneziano, “O iluminado” como sempre a ele se referia preocupado com o pai. Na nossa frente se abraçaram e choraram juntos. E o pai em seu silencio contemplativo naquele momento ouvia do filho as palavras de preocupação: “Cuidado pai!”, repetidas veementemente.
Choramos todos juntos, escondendo uns dos outros nossos sentimentos, as nossas emoções.
Naquele momento em que se comentava a bocas miúdas, a inimizade familiar, pude testemunhar que o AMOR verdadeiro supera todas as barreiras.